O curso de Direito não pode ser oferecido na modalidade EAD no Brasil segundo nova diretriz do MEC, que reforça a necessidade do ensino presencial para garantir a qualidade da formação, a prática jurídica e o compromisso ético exigidos pela área.
Você já se perguntou por que o curso de Direito não pode ser feito totalmente a distância? A discussão sobre essa proibição envolve questões profundas sobre prática, formação e acesso — e especialistas têm opiniões que vão muito além do óbvio.
por que o governo proibiu o curso de Direito na modalidade EAD
O Ministério da Educação (MEC) proibiu a oferta do curso de Bacharelado em Direito na modalidade de educação a distância (EAD) com base em recentes diretrizes que reduzem a carga horária permitida para atividades não presenciais, passando de 40% para 30%. Essa restrição insere o Direito entre os cursos que não podem ser realizados integralmente a distância, ao lado de Medicina, Enfermagem, Psicologia e Odontologia.
Essa decisão fundamenta-se na importância da presença física para garantir a qualidade do ensino jurídico, sobretudo pela necessidade das práticas jurídicas presenciais, como audiências simuladas e atendimento à comunidade, que fazem parte da formação do profissional.
O MEC entende que o aprendizado do Direito requer mais do que apenas absorção teórica: envolve o desenvolvimento de habilidades sociais, éticas e de argumentação em ambientes reais ou simulados presencialmente. Além disso, a fiscalização é considerada mais eficaz quando o curso é ministrado presencialmente, contribuindo para maior controle da qualidade dos formandos.
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“Formar quem vai atuar na defesa de direitos exige responsabilidade que começa pela sala de aula, com presença e debate”, reforça a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O governo também considera que a vasta oferta de cursos de Direito presenciais e o grande número de profissionais já formados no país diminuem a necessidade de expansão da modalidade EAD, diferentemente do que ocorre em outras áreas do conhecimento.
os argumentos a favor da exclusividade do ensino presencial em Direito
Especialistas e entidades ligadas ao ensino jurídico defendem que o curso de Direito deve ser majoritariamente presencial devido à complexidade e à natureza prática da formação. Segundo eles, a interação face a face entre alunos, professores e a sociedade é essencial para desenvolver habilidades além do conteúdo teórico, como o raciocínio crítico, a argumentação e o compromisso ético.
A prática jurídica inclui atividades presenciais fundamentais, como simulações de audiências, atendimento à comunidade e estágios que exigem contato direto com pessoas. Essas experiências são difíceis de serem replicadas em ambientes virtuais com a mesma profundidade e impacto.
“A formação jurídica não é apenas o aprendizado de normas, mas uma vivência social e ética que precisa ser construída no contato com o outro”, destaca a coordenadora Maria Carolina Foss.
Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reforça que o ensino presencial contribui para a valorização da profissão, combatendo a mercantilização do curso e garantindo uma formação mais rigorosa e responsabilidade técnica dos futuros advogados.
Outro argumento importante é a qualidade do ensino, que, na visão dos críticos do EAD para Direito, tende a ser melhor fiscalizada e mantida em cursos presenciais devido à transparência e controle direto sobre as atividades e avaliações.
os impactos da decisão para estudantes e mercado jurídico
A proibição do curso de Direito no modelo EAD traz impactos significativos para estudantes e para o mercado jurídico brasileiro. Para os alunos, a medida pode limitar opções de acesso à graduação, especialmente para aqueles que vivem em áreas remotas ou que buscam alternativas mais flexíveis e econômicas.
No entanto, muitos especialistas argumentam que essa restrição protege a qualidade da formação jurídica, garantindo que os futuros profissionais tenham contato direto com práticas essenciais que só o ensino presencial proporciona.
O mercado jurídico, por sua vez, enfrenta uma sobrecarga de profissionais e a ampliação do acesso pelo EAD poderia agravar essa situação. Atualmente, com mais de 700 mil estudantes matriculados em cursos de Direito presenciais e cerca de um advogado para cada 164 brasileiros, o setor já observa uma alta concorrência.
“A formação rigorosa e o controle de qualidade são fundamentais para evitar a mercantilização da profissão e assegurar compromisso ético dos operadores do Direito”, ressalta a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Além disso, o ensino presencial facilita a fiscalização e o acompanhamento das universidades pelo MEC, o que pode ser mais complexo no ambiente virtual. Para as instituições, a adaptação às novas diretrizes implica revisão das estruturas curriculares e possível investimento maior em atividades presenciais e práticas.
o que dizem universidades e especialistas sobre a restrição
Universidades e especialistas apresentam posicionamentos variados, embora haja consenso sobre a importância da qualidade na formação jurídica. A Fundação Getúlio Vargas (FGV), por exemplo, destaca que a redução da carga horária de atividades a distância de 40% para 30% terá impacto pequeno nas grades já estabelecidas, mantendo a essência do ensino presencial.
Maria Carolina Foss, do Insper, reforça que o curso já prevê uma carga significativa de atividades práticas presenciais e que a interação social é fundamental para a formação de bacharéis em Direito. Segundo ela, mesmo com processos digitais, a presença física aprimora a experiência educacional.
“A interação social, de equipes e a presença são importantes tanto no campo profissional quanto educacional”, afirma Maria Carolina.
Por outro lado, associações como a ABMES e a Anup reconhecem a publicação do decreto que regula os cursos a distância, mas não comentam especificamente sobre a proibição para cursos como Direito. A Anup, no entanto, valoriza o marco regulatório por priorizar a qualidade e o protagonismo do aluno no processo.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, apoia a restrição, argumentando que a formação jurídica responsável exige ensino presencial para garantir rigor técnico e compromisso ético dos futuros profissionais.
A discussão sobre a proibição do curso de Direito na modalidade EAD revela desafios complexos entre ampliar o acesso à educação e garantir a qualidade da formação profissional. Enquanto o ensino presencial é valorizado pela prática, interação social e fiscalização mais eficaz, existem opiniões que defendem modelos híbridos para incluir mais pessoas.
Especialistas, universidades e a OAB concordam que a formação jurídica exige um compromisso ético e técnico que se fortalece na sala de aula presencial. Por isso, a decisão do MEC busca preservar esses valores, mesmo diante das mudanças tecnológicas.
Ficar atento a essas transformações e entender seus impactos é essencial para futuros estudantes e para o mercado jurídico, garantindo uma educação responsável e preparada para os desafios profissionais.